Filosofia e Psicanalise
Especializaçã Ne@ad UFES
Exemplo
terça-feira, 28 de setembro de 2010
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Jacques Ranciére.
Em 2002, uma de suas principais obras, O mestre ignorante, foi traduzida e distribuída gratuitamente entre professores em formação no Rio de Janeiro. Trata-se da história de Joseph Jacotot, que, no século 19, ensinou a língua francesa a jovens holandeses da classe operária. Detalhe: nem mesmo o professor conhecia o idioma de Zola.
Perto de completar 70 anos, afirma que “o presente não é muito alegre”, mas critica as visões saudosistas de parte da esquerda. Defensor do ativismo social, ele comenta a ascensão dos ecologistas e questiona a ideia de um mundo dominado por imagens.
Jacques Rancière – No seu livro, tentou reinterpretar a relação das pessoas com o espetáculo sem se interessar tanto pela questão das mídias. Mas centrou na ideia, tão comum, de que “agora não há nada mais além da TV… não há mais arte, não há mais cultura, não há mais literatura, nada”.
Há casos em que o espectador está na frente da TV mudando de canal sem prestar atenção ao que está vendo. Se preocupou mais com o cinema, as artes plásticas, nos quais uma relação forte do olhar está pressuposta. A TV, de modo geral, não pressupõe um olhar forte, mas um olhar alienado ou distraído.
No espetáculo, o espectador de teatro é levado a trabalhar, porque aquilo que ele tem à sua frente o obriga a um trabalho de síntese. É preciso sair de uma peça, de uma exposição ou do cinema com certa idéia na cabeça, o que não necessariamente é o caso da televisão, em que as coisas podem simplesmente passar.
Já um lugar onde os espectadores se encontram, para as artes performáticas, por exemplo, implica um recorte fechado no tempo. Não é uma questão de suporte, mas do tipo de atitude e de atenção criadas. Podemos nos colocar na frente de um filme de TV com a postura de quem está no cinema. Nesse momento, nós agimos como o espectador de cinema.
Como refletir sobre o fenômeno do "politicamente correto"?
Deve-se utilizar com prudência essa noção de "politicamente correto", que serve um pouco facilmente demais como recusa para desqualificar tudo que se opõe ao consenso dominante. A reivindicação de "correção" está ligada a um aspecto efetivamente essencial do qual a noção de partilha do sensível pretende dar conta: as formas da dominação – de classe, de raça, de sexo – são, a princípio, formas inscritas na paisagem do cotidiano, na maneira de descrever o que se vê, de dar nomes às coisas. O perigo, a partir daí, é praticar uma simples operação cosmética sobre as formas da dominação: camuflar a realidade da dominação sob a representação de um universo de pequenas diferenças no qual cada identidade é provida de seu reconhecimento, seus direitos próprios; fazer reinar, por meio de uma linguagem eufêmica, uma outra forma de consenso.
domingo, 29 de agosto de 2010
Os sofistas e o conhecimento
Os sofistas se agrupavam para viajar de cidade em cidade realizando aparições públicas para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer educação. O centro de seus ensinamentos era o “logos”, ou discurso com foco em estratégias de argumentação. Os mestres sofistas alegavam que podiam "melhorar" seus discípulos, ou, em outras palavras, que a "virtude" seria passível de ser ensinada.
Os sofistas ensinavam técnicas que auxiliavam as pessoas a defenderem o seu pensamento particular. Por desprezarem algumas discussões feitas pelos filósofos, eram chamados de céticos.
Diversos sofistas questionaram a propagada sabedoria recebida pelos deuses e a supremacia da cultura grega (uma idéia absoluta à época). Argumentavam, por exemplo, que as práticas culturais existiam em função de convenções ou "nomos", e que a moralidade ou imoralidade de um ato não poderia ser julgada fora do contexto cultural em que aquele ocorreu. Tal posição questionadora levou-os a serem perseguidos, inclusive, por aqueles que diziam amar a sabedoria: os filósofos gregos.
Os Sofistas foram os primeiros advogados do mundo, ao cobrar de seus clientes para efetuar suas defesas, dada sua alta capacidade de argumentação. São também considerados por muitos os guardiões da democracia na antiguidade, na medida em aceitavam a relatividade da verdade.
Hoje, a aceitação do "ponto de vista alheio" é a pedra fundamental da democracia moderna. Visto que o domínio pessoal, em tal regime, depende da capacidade de conquistar o povo pela persuasão, compreende-se a importância que deveria ter a oratória e os mestres de eloqüência. Os sofistas, desejosos de conquistar fama e riqueza no mundo, tornaram-se mestres de eloqüência, de retórica, ensinando aos homens ávidos de poder político a maneira de consegui-lo. Diversamente dos filósofos gregos em geral, o ensinamento dos sofistas não era ideal, desinteressado, mas bastante retribuído. O conteúdo desse ensino abraçava todo o saber, a cultura, uma enciclopédia, não para si mesma, mas com propósitos práticos e empíricos e, portanto, superficial.
A principal doutrina sofística consiste numa visão relativa de mundo e pode ser expressa pela máxima de Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas". Tal máxima expressa o sentido de que não é o ser humano quem tem que moldar-se a padrões externos (impostos por qualquer coisa que não seja o próprio ser humano), mas segundo a sua liberdade.
A sofística sustenta o relativismo prático, destruidor da moral. Górgias declara plena indiferença para com todo moralismo: ensina ele a seus discípulos unicamente a arte de vencer os adversários; que a causa seja justa ou não, não lhe interessa. A moral portanto, é concebida como um empecilho que incomoda o homem
Os sofistas, a partir da experiência diária, produzem seus conhecimentos e suas afirmações. Sofistas destacados, como Protágoras e Górgias, estão preocupados em transmitir os seus conhecimentos, em esclarecer as mentes, enfim, em alargar as possibilidades da vida em sociedade. Para isso, questionam tudo. A preocupação em propagar o saber foi um dos aspectos positivos da cultura sofística, a partir da qual a educação e a democracia foram valorizadas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_sof%C3%ADstica
http://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/sofistas.htm
http://www.mundodosfilosofos.com.br/sofistas.htm
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Paulo Freire & Lacan: Liberdade, Linguagem e Saber
A pedagogia de Paulo Freire é totalmente pessoal, provém
da sua vivência e conhecimento da realidade, desenvolvidos entre
os homens oprimidos e explorados. Para Freire, o conhecimento
vem da práxis, que é ação e reflexão, da realidade conjuntural,
objetivando libertar o homem oprimido. A educação é construção
do sujeito, pelo diálogo, que anuncia e denuncia as práticas
opressoras da classe dominadora.
Para Lacan, a palavra precisa ser passada ao aluno, para
resgatar sua linguagem e fala, desencadeando os processos de
constituição do sujeito, para construir, pelos significantes, que é a
interpretação própria do conhecimento, o saber de maneira singular.
A palavra expressa os significantes de cada sujeito de maneira
singular, gerando no aluno o seu próprio idioleto (linguagem) para
construção de sua aprendizagem, isto é, o modo próprio de dizer o
seu aprender.
Pela linguagem e fala extrai-se o conteúdo dos discursos
dos alunos, mostrando que a palavra possui algo além do conceitual
e do sentido. Ela constrói e reconstrói a vida, gerando um
significante novo na realidade interior dos educandos.revista/2007vol1n4/volume%201(4)%20artigo2.pdf
Frente ao livro PEDAGOGIA DA AUTONOMIA, de Paulo freire, é extraído um breve retrado, procurando sintetizar, de maneira superficial sua obra.
No meado do texto, Freire comenta que estais convencido de que a pratica educativa é uma pratica especificamente humana. E que a pratica educativa, de certa forma, acaba sendo a necessidade de adaptar o educando a uma realidade, por sinal, provisória. “Ensino” não é então a transferência de conhecimento ou conteúdos, e nem “formar” é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado.
Coloca que “A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transfer, depositar, oferecer, doar ao outro tomado como paciente de seu pensar, a inelegibilidade das coisas, dos fatos , dos conceitos. A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável pratica de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica, produzir sua compreensão do quem vem sendo comunicado. Não há inteligibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde na dialogicidade. O pensar certo por isso é dialógico e não polemico.
Outro parágrafo interessante de Freire nos clareia a idéia de que “fui aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar.Aprender precede ensinar ou, em outras o palavras ensinar é diluía na experiência realmente fundante do aprender.
Alude-nos que o educador democrático não pode negar-se o dever, na sua pratica docência, de reforçar a capacidade critica do educando, sua curiosidade e sua insubmissão e que o ensino não se esgota no tratamento do objeto, mas nas prolongações de produções que o aprender se faz possível.
Por fim, comenta que transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é mesquinhar o que é de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se, se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio a formação moral do educando.
(...) O erro na verdade não é ter um ponto de vista, mas absolutizá-lo e desconhecer que, mesmo do certo do seu ponto de vista e possível que a razão ética nem sempre esteja com ele.
(...) Pensar certo seria: saber o que se isola, que o se faz com o que se isola, o que se aconchega ...